13 - A Excelência Aplicada

Prezadas e prezados Leitores
O termo Excelência já comentei no post anterior desta mesma série. As qualidades que aprimoram o comportamento de um motorista ao comando de seu veículo.
Neste 13º post gostaria de prosseguir nas considerações e nas atitudes que atestam um perfil de responsabilidade e competência aos condutores de qualquer tipo de veículo.
A EXCELÊNCIA APLICADA

Como o destaque acima, existem cinco condições extremamente importantes para uma condução segura e consciente. Vamos comentá-las!

Condição mental
É a capacidade de concentração nas tarefas de dirigir um veículo; e não são poucas. Aplicar os conhecimentos técnicos e teóricos adquiridos pelo aprendizado e pela vivência. Isso inclui a atenção à via, ao veículo, aos pedestres, obstáculos, imprevistos, ambiente, enfim, inúmeros fatores que podem afetar o desempenho e as ações do motorista caso ele não esteja atento à elas.
Se algum problema for altamente grave na vida pessoal, certamente o rendimento não será o mesmo com um déficit de atenção. Da mesma forma, se estiver sob efeito de álcool ou de substâncias psicoativas que causem transtornos e dependência química, além de ilegal (crime de trânsito) pode levar a um resultado trágico por acidente.
Não é por acaso que a Lei (CTB - Código de Trânsito Brasileiro) exige a avaliação psicológica para obtenção e renovação da CNH para quem exerce atividade remunerada ou que tenha a habilitação suspensa.
Condição física
A capacidade plena dos movimentos dos membros superiores e inferiores ao comandar pedais e alavancas, assim como a cabeça livre para girar e olhar em torno desde o parabrisas, retrovisores e ambiente à sua volta. O condicionamento físico inclui a predisposição orgânica como estar totalmente desperto, atento e sem problemas de saúde que possam comprometer o rendimento ao dirigir.
Seguindo uma dieta apropriada na alimentação a sonolência natural após um almoço ou jantar exagerado é evitada e com isso maior atenção ao dirigir.
Fazendo exercícios físicos regularmente o motorista compensa o tempo que permanece sentado para dirigir melhorando assim sua postura que pode ficar comprometida na região lombar e cervical se não caminhar, utilizar alguma atividade que requeira movimentos coordenados nas pernas, braços e tronco. É recomendado buscar apoio das indicações das melhores dietas e exercícios nos serviços de saúde da empresa onde trabalha ou nos serviços médicos do governo visitando ou buscando pelos aplicativos.
Condições do veículo
Veículo com boas condições de manutenção são mais confiáveis, principalmente quando são submetidos aos programas de revisões periódicas por quilometragem ou pelo tempo em meses ou horas. Sobre esses pormenores eu fiz uma publicação no Blog que pode ser visto acessando o link abaixo:
https://www.safethy.com.br/post/workshop-para-grupo-diversificado-parte-ix
Além das intervenções por um programa de manutenção, cabe ao motorista proceder as inspeções antes do início de uma viagem ou mesmo antes de transitar em serviços locais. Detalhes como estado dos pneus, limpadores de parabrisas, espelhos retrovisores, nível dos fluidos, drenagem de água em reservatório de ar, combustível suficiente para a viagem ou serviço, limpeza do parabrisas e retrovisores, nenhum objeto atrapalhando os pés para os pedais, cargas bem arrumadas e fixas, enfim, um check list que normalmente as empresas providenciam.

Não devem ser esquecidos tanto a documentação pessoal, do veículo e as fiscais sobre a carga. Isso pode ocasionar inúmeros transtornos.

Capacidade do veículo
Ponto básico: nenhum veículo pode transportar passageiros ou cargas além da capacidade nominal. Nos automóveis é muito simples, consta no documento normalmente pela maioria, 5 lugares incluindo o motorista. Nos demais em menor quantidade podem figurar 7, 9 etc. No caso de ônibus, a lotação máxima sentados.
No caso de ônibus urbano os passageiros em pé não constam nos documentos e sim afixados no painel pelo lado interno com indicações de máximo sentados e em pé.
Na prática o que ocorre é que não há fiscalização da quantidade de pessoas em pé, principalmente nos horários de picos. Assim, os passageiros lotam totalmente o coletivo em uma massa humana sem local para colocar até mesmo os pés.
Um coletivo com excesso de passageiros dessa forma está irregular e com excesso de peso bruto total. Certamente se passasse em uma balança obrigatória no percurso seria autuado e muitos passageiros desembarcados para reduzir o peso.
Quanto aos caminhões e carretas, o processo é mais complexo pois o peso da carga deve obedecer aos limites máximo do PBT Peso Bruto Total ou PBCT Peso Bruto Total Combinado (nos casos de carretas, reboques e bi trens) e ainda obedecer aos limites máximos por eixo ou conjunto de eixos.
Sobre essa assunto já detalhei na publicação específica que pode ser acessada pelo endereço a abaixo. Confira!
Condições ambientais
Chuva, nevoeiro, iluminação, Sol ofuscante, pista ruim, pavimento escorregadio, luz alta em sentido oposto, cabine com vidros embaçados etc. Tudo são fatores adversos que prejudicam demasiadamente a segurança.
Nessas situações é fundamental que o motorista mantenha ainda mais o foco na direção, ajuste a velocidade para a menor possível para o local e pela sinalização, acenda os faróis baixos e dirija com extrema cautela quanto a freios e direção.
Motoristas veteranos podem ser surpreendidos pela autoconfiança por achar que dominam a máquina com facilidade. Isso é potencial risco de levar a um acidente.
As carretas são facilmente desgovernadas em pistas escorregadias e numa freada repentina podem provocar o efeito L e resultar em acidentes graves.
Vamos recapitular os cuidados básicos

Perguntas chaves


A carga a ser transportada deve ser conhecida do motorista quanto ao peso, posicionamento, fixação, fragilidade, necessidades especiais etc. Isso servirá de base para saber que numa curva seus cuidados serão ainda mais intensos.

O motorista é responsável pela viagem. Deve observar cada detalhe para não ser surpreendido por alguma ocorrência resultante da negligência!


Termos técnicos parecem estranhos?
Algumas nomenclaturas para veículos e componentes entre os pesados parecem estranhas para um leigo ou motorista não profissional; vale a pena um breve glossário:
Truck - Originada no idioma inglês que designa qualquer tipo de caminhão ou camionete, no Brasil foi adaptada para designar caminhões não articulados com dois eixos na traseira (tração). Antigamente eram com 3 eixos no total mas com o aumento dos modelos com 2 eixos direcionais, podem ter até 4 eixos nas versões mais comuns.
Toco - A rigor seria um pedaço de madeira, mas o apelido surgiu no Brasil para mencionar um caminhão com 2 eixos no total. Não há explicação da origem desse nome.
Quinta Roda - Dispositivo mecânico instalado no caminhão trator para que um semirreboque seja acoplado. Esse dispositivo permite a articulação vertical e horizontal do conjunto.
Pino Rei - Como o nome sugere, um pino instalado na frente e no centro do eixo longitudinal de um semirreboque para que faça o travamento na quinta roda.
Cavalo Mecânico - Nome comum dado ao caminhão trator que traciona semirreboques e em alguns casos, reboques.
Romeu e Julieta - Trata-se de um conjunto formado por um caminhão convencional truck ou toco e um reboque que é tracionado pelo primeiro. Esse apelido nasceu por ambos os veículos andarem juntos. Mas se o Romeu vai à frente, é uma injustiça com a Julieta. Ambos deveriam estar lado a lado (filosofia à parte).
Tanque Sela - Um tanque de combustível que possui o formato de dois tanques cilíndricos e um terceiro que unem ambos. Esse terceiro pode ou não ser também um reservatório interligado. O nome dá-se pela semelhança de uma sela sobre um cavalo (animal).
L - Uma ocorrência temida por muitos motoristas de carretas. Ocorre numa situação de frenagem na qual o semirreboque não reduz a velocidade na mesma proporção do cavalo mecânico e com isso empurrando-o. Como o cavalo mecânico está com freios aplicados, é empurrado para os lados formando um L entre os veículos. Normalmente a frente do semirreboque atinge a cabine do cavalo mecânico danificando-a e em casos mais violentos causando ferimentos aos ocupantes.
NOTA: surgindo algum termo técnico ou nome estranho nas publicações deste Blog ou por qualquer outra fonte, deixe a dúvida nos comentários para as devidas explicações.

Prosseguindo a inspeção




Na lista acima consta o estepe. Na relação original americana não figura esse item porque lá não se trata de equipamento obrigatório. É muito comum no caso de algum pneu danificado nas estradas serem atendidos por socorros especializados. Uma comodidade cara!
No Brasil, o pneu sobressalente (estepe) é obrigatório e em qualquer tipo de veículo. Deve estar em condições de uso. A banda de rodagem com sulco superior ou igual ao limite de 1,6 mm, não estar vazio e em boas condições.
Um detalhe importante nos caminhões. Algumas configurações de conjuntos (cavalo + semirreboque) utilizam pneus com determinada medida no cavalo mecânico e outros diferentes no semirreboque. Nesse caso a Lei exige um estepe para cada tipo de pneu.
De olho na Rota!
A atenção contínua ao dirigir, principalmente um ônibus, caminhão ou pesados, requer a constante atenção, mesmo quando tudo aparenta estar calmo, tráfego quase nenhum, tempo bom com visibilidade excelente, de dia. Um cenário apropriado para relaxar a vigilância em tudo que acontece ao redor de uma viagem.
Até mesmo a monotonia típica de uma rodovia reta e sem aclives ou declives induz a uma fadiga pela constância situacional. O ideal é manter o foco, prestar muita atenção na pista, o retrovisor, as laterais é uma receita infalível. Se sentir um sono pelo calor e ruídos sem alterações, arrume um local seguro e descanse 15 minutos, meia hora, refaça a energia e prossiga.
Atualmente os veículos, inclusive caminhões, possuem automatismos como "piloto automático", transmissão automática, controle de estabilidade, ar condicionado, enfim, recursos tecnológicos excelentes mas que reduzem a carga de tarefa e levam os motoristas à monotonia.
Essas circunstâncias não são exclusivas dos motoristas. Recentemente uma aeronave norte americana ultrapassou a cidade de destino e prosseguiu no piloto automático mais de 150 km de distância. Retornou e pousou em segurança mas poderia ter havido uma tragédia com ambos os pilotos cochilando à bordo. Mas nosso foco são os veículos e não vou detalhar esse episódio aéreo.

O que mais fazer com o veículo em rota?
Estar atento além das recomendações acima, observar os itens abaixo mencionados ajudam muito na tomada de decisão numa situação anormal.

Por enquanto ficamos por aqui nesta 13ª parte da Série Mestres em Comando.
Vamos continuar! Há muitos assuntos e imagens pela frente.
Muito obrigado pela leitura e pelas participações.
Thyrso Guilarducci

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