Post 4 - Vidas que se preservam
Retomando o tema das prevenções, vamos analisar aspectos impactantes pelos resultados de um acidente. Antes de avançar no assunto, eu tenho plena consciência de que estou sendo parcialmente repetitivo e persistente numa tecla desgastante e que pode parecer exaustiva. Convenhamos: Segurança sempre é fundamental!
Não é proposital o efeito, mas é indispensável que se dê conta do quanto é importante a prevenção de um acidente de trânsito. O preço a pagar pelo descuido pode ser muito alto e não são apenas valores em dinheiro. Muitos sobreviventes a acidentes carregam traumas insuperáveis consigo, diariamente relembrando pelos erros fatais e pelas pessoas que perderam a vida por isso.
Pesquisas nos Estados Unidos e no Brasil confirmam um triste cenário com mortes de motoristas de caminhões. Uma diferença a considerar é que os graves fenômenos climáticos que ocorrem no Hemisfério Norte, principalmente nos Estados Unidos e Canadá e nas mesmas latitudes nos países Europeus e Asiáticos, como neve, gelo, tempestades, ciclones e tufões, ventos fortes e nevascas, não acontecem no Brasil, exceto parcialmente em algumas localidades do extremo Sul.
Todas essas condições adversas provocam inúmeros acidentes com veículos, principalmente pela camada de gelo formada sobre as rodovias. Mesmo com a Administração das Estradas removendo gelo e neve e aplicando uma mistura de sal com agentes químicos (de icer) que dissolvem a camada de gelo e possibilitam que as rodas dos veículos obtenham a tração e aderência necessária. Isso apenas se não ultrapassar -9º C pois abaixo dessa temperatura só mesmo espalhando areia sobre o gelo e neve.
Imagem: remoção de neve e gelo em Montana, USA
No inverno os acidentes se agravam e é comum ocorrerem grandes colisões por engavetamentos entre caminhões e veículos menores. É uma inversão de cenários. Os Estados unidos e o Canadá possuem todos esses problemas porém detém as melhores rodovias em qualidade e quantidade no mundo. O Brasil enfrenta muito menos condições adversas por clima porém fica muito a desejar em quantidade e qualidade de boas rodovias.
Imagem: crédito Lagoa dos Novilhos Notícias - RN Brasil
Tanto na América do Norte como no Brasil, ambos os fatores resultam em muitos acidentes graves com vítimas fatais.
Nos Estados Unidos o FMCSA* declarou que a profissão que mais registra óbitos é a de motorista de caminhão.
(*) Equivalente ao DNIT no Brasil
Outro fator que elevou a taxa de tantos acidentes foi o aumento da demanda pelo crescimento econômico e recentemente pelos efeitos da pandemia que provocou maior fluxo de mercadorias em substituição às compras pessoais em pontos de vendas. Em tempos sem pandemia uma carreta entrega uma carga completa numa rede de varejo e as pessoas compram fisicamente e levam seus produtos em mãos.
Agora as compras são fracionadas e entregues uma a uma por veículos menores, motos e bicicletas enquanto que as carretas e grandes caminhões continuam a abastecer os atacadistas e centros logísticos. Esse é um retrato do aumento de motoristas para veículos menores envolvidos na logística sem redução dos maiores.
Um motorista profissional ao dirigir seu caminhão, carreta ou qualquer outro tipo de veículo não possui domínio sobre os fatores adversos como as chuvas, alagadiços, nevoeiro, rajadas de ventos, defeitos na via, buracos, sinalização insuficiente ou deficitária, imprudências de outros motoristas, interdições, enfim, um enorme contingente de problemas à colocar suas atividades em riscos.
Tudo isso de fato não está sob o seu comando mas como ele enfrenta cada um desses cenários faz a diferença. Na verdade FAZ MUITA DIFERENÇA.
Com o perigo praticamente à sua volta, quanto mais atento, focado na sua tarefa e sem distrações com rigorosa atenção às mínimas regras de segurança as chances de envolver-se em algum acidente são bem menores. Essas recomendações não podem simplesmente ser motivos de "deixar prá lá" porquê o profissional possui anos e anos de experiência e dirige tão bem que isso tudo é coisa para iniciantes.
A experiência conta muito sim, mas a previdência conta muito mais. Veja o exemplo de um comandante de avião comercial que tem ainda um piloto monitorando ao lado dele as tarefas de um voo desde a preparação antes mesmo de entrar na aeronave até a chegada ao destino. Mesmo com a experiência de milhares de horas de voo, eles não confiam na experiência apenas e são obrigados por regulamentos a seguir um Lista de Verificação ou check list nas várias etapas da viagem. Dessa forma, lendo o que deve ser feito, ambos pilotos atuam e confirmam se determinado procedimento foi feito.
Caminhões e ônibus não voam (normalmente), eu sei disso, mas muitos descuidos elementares levados pela prepotência dos anos de vivência ao volante podem ser graves e fazer com que ocorra um acidente. Dirigir com o cotovelo esquerdo apoiando o volante, a direita teclando um celular, a mão esquerda apoiando uma prancheta com papéis de trabalho. Esse malabarismo é uma arte sinistra e numa situação de emergência não haverá tempo para uma manobra evasiva e apropriada para evitar-se uma colisão.
A Prevenção Contra as Colisões
Muitas ações ajudam nesse sentido. Vamos verificar isso melhor!
Vejamos inicialmente três depoimentos feitos por motoristas profissionais observando diferentes qualidades cada um deles. Os Desafios, a Segurança e a Excelência.
Esses exemplos comportamentais são de fato verdadeiras Ações Preventivas.
É importante lembrar que existe uma comunidade no trânsito e as ações de um motorista devem preservar a integridade das pessoas, devem protegê-las das ocorrências previsíveis, dos acidentes que podem feri-las ou mais grave ainda, tirar-lhes as vidas.
Já comentei em post anterior que um motorista ao dirigir tem veículos à sua volta. Atrás, à frente, dos lados, todos eles com seres humanos embarcados e cada qual ligado à sua família. Uma simples distração deixa de ser simples para ser a componente de um trágico acidente. Pense seriamente nessa possibilidade!
Muitas Felicidades ao Dirigir!
Obrigado pela leitura!
Thyrso Guilarducci
(Nota: a série Mestres em Comando continua)
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