19 - As velocidades
Muito se comenta sobre as velocidades. A sinalização, as campanhas, o CTB Código de Trânsito Brasileiro, todos são categóricos nas afirmações sobre as velocidades.
Vamos aprofundar um pouco mais nesse tema muito debatido e que está ligado à maioria dos graves acidentes de trânsito.
A opção por desenvolver altas velocidades, mesmo dentro dos limites legais, podem levar a um engano de resultados, aumentar a fadiga pelo aumento das tensões, dos desgastes prematuros do veículo e ao final dos cálculos, muito pouco tempo, se é que conseguiu significativa vantagem sobre quem manteve uma menor ou ideal velocidade.
Dirigir em alta velocidade, por exemplo a 90 km/h para os veículos pesados, o tempo e distância de uma parada de emergência são maiores. Por essas razões, os motoristas devem estar ainda mais atentos para evitar um imprevisto no trajeto e não haver espaço e tempo para uma parada antes de uma colisão.
Com velocidades mais moderadas, além de todos os fatores mais favoráveis dos listados acima, a economia de combustível é muito mais evidente. Aliás, o amigo e muito competente Luiz Antonio Pigozzo possui um portal dedicado às essas questões das Direções Econômicas. Veja lá que ele é um mestre muito dedicado inclusive nas questões da segurança no trânsito e possui um canal no Youtube no endereço abaixo, além de bons livros publicados:
Porque mencionar a jornada de trabalho no tópico das velocidades? Porque muitas vezes a velocidade elevada não resultará em ganhos para adiantar uma viagem pois após o limite de horas ao volante, deverá descansar para o repouso. Conciliar isso tudo é estressante e o próprio repouso poderá ser comprometido com o tempo para relaxar as tensões.
Observe na tabela abaixo um estudo para viagens a três destinos diferentes, com 1.600 km, a outra 2.400 e a última com 3.500 km. No exemplo mostrado, no primeiro caso dos 1.600 km viajando a 89 km/h fará o percurso em 28:10 horas contra 26:40 horas se fosse a 97 km/h considerando os mesmos intervalos para repouso e 30 minutos de parada. O ganho de 1:30 hora (uma hora e meia) poderia não ser vantajoso pelo aumento do estresse, do combustível, das infrações de trânsito se fosse um veículo pesado cujo limite é de 90 km/h.
Existe uma tradição em grandes rotas pelos transportadores de verduras e frutas que "arrepiam" no trecho com carretas e caminhões à velocidades superiores a 130 km/h, principalmente da Região Nordeste para o Sudeste alegando que as frutas podem chegar podres nas CEASA's de São Paulo ou Rio se atrasarem as viagens.
Pergunto se essas atitudes compensam os riscos? Infelizmente a fiscalização é insuficiente e deveria adotar mecanismos mais eficazes com algumas alterações no CTB permitindo associar ao DNIT medidas de medição dos deslocamentos em tempo real graças aos avanços da internet e dos instrumentos de medição.
Para complicar ainda mais esse esquema cruel, muitos motoristas nessas linhas transportando frutas, legumes e verduras por milhares de quilômetros valem-se do consumo de anfetaminas (rebites) visando obter a falsa condição de "ligados" 24 horas sem dormir. Obviamente repentinamente perdem a consciência e os acidentes graves são os resultados em meio à uma população de saqueadores roubando os produtos transportados e alheios à vítima dentro das ferragens.
Analisando os limites legais de horas ao volante no quadro abaixo, certamente se fossem respeitadas seriam bem menos acidentes nessas e outras situações de excessos de jornadas.
O melhor é gerenciar a velocidade com inteligência e racionalização!
Gerenciar a velocidade não se limita em simples redução. Isso pode contribuir, porém o ideal é associar com cálculos lógicos. Estimar a hora e data da chegada para evitar uma corrida inútil.
É muito comum que no destino possa existir filas por ordem de chegada para descarga ou carregamentos, porém nos dias atuais a maioria dos transportes são condicionados à agendamentos prévios. Com menores velocidades o estresse é menor e a segurança maior. Uma questão de lógica!
Durante um trajeto, muito provavelmente a paciência será colocada à prova em diversas vezes. Veículos lentos á frente que numa pista simples é quase impossível ultrapassá-lo, operações Pare e Siga devido obras, congestionamentos extensos, pavimentos cheios de buracos, excesso de lombadas, faróis altos em sentido contrário, "fechadas" por imprudentes, ultrapassagens de riscos por outros motoristas que forçam a saída para o acostamento e não colidir frontalmente, enfim, dezenas de manobras insanas e desrespeitosas que exigem reflexos, atitude e muita atenção para uma evasão, freada ou saída da pista.
Outro fator com dois potenciais riscos são veículos colados à traseira. Eles são uma ameaça de colidir no caso de uma parada brusca ou pode estar seguindo para algum ataque criminoso. O ideal é deixá-lo passar o quanto antes. Se ainda assim ele persistir em continuar colado, veja qual o procedimento recomendado pela empresa contratante da viagem quanto aos cuidados. Normalmente é recomendado parar num posto policial e explicar o ocorrido.
Assim como é um risco alguém atrás insistentemente próximo, também não seja o causador dessa situação. Coloque-se no lugar do motorista à frente! Recue e se não conseguir ultrapassar, fique bem distante pela melhora da visibilidade e não atormentar a mente do outro motorista.
As freadas repentinas
Nenhum motorista está à salvo da necessidade de uma frenagem súbita. Algum imprevisto como pedestre, ciclista, buraco, lombada sem sinalização prévia, obstáculo na pista, enfim, situações adversas que exigem uma rápida redução da velocidade sob pena de causar ou acidente ou danos sérios no veículo.
Quem dirige preventivamente mantém sua atenção concentrada e estará menos sujeito à essas situações. Ainda assim, não estão livres disso!
Esse tema das frenagens e reações é muito fundamental. No próximo post darei continuidade com mais argumentos e algumas imagens.
Agradeço pela leitura.
Um especial agradecimento ao Frederico Rocha, muito competente motorista e socorrista do SAMU em São Paulo pela sua mensagem logo abaixo no sentido de proteção às vidas na Campanha Maio Amarelo!
Thyrso Guilarducci
Comentários